50 ANOS DE SACERDÓCIO
Pe EDENIO REIS VALLE, svd
Nesta noite, olho para trás e me recordo da manhã de 29 de outubro de 1961, dia em que fui ordenado presbítero, na Alemanha. Quando o coral começou a cantar a Ladainha de Todos os Santos, nós prostamos de bruços sobe o chão. Eu tinha a cabeça suavemente apoiada sobre meus braços cruzados. Deixei que a melodia insistente e repetitiva conduzisse meu espírito. Era como se cada santo invocado pairasse sobre minha caeça, numa revoada de luzes e de graças. Fui chamado pelo nome. respondi "sim". Levantei-me e me coloquei de joelhos. O então núncio apostólico da Alemanha, Dom Corrado Bafile, seguindo um ritual de mais de vinte séculos, impôs suas mãos sobre minha cabeça. E repetiu o mesmo gesto de consagração e de benção com muitos outros ordenados. Tudo em silêncio. Eu me sentia inteiro e em paz. Não era um peso. Era um horizonte novo que se descortinava para mim. Nele me esperava uma missão. Qual? Só a vida o diria. (...) Nunca me senti frustado em minha escolha de fundo, como religioso ou padre. No plano da fé, vejo isto como um dom de Deus que me chamou, sustentou e conduziu. Mas o fez por meio de pessoas queridas que me ensinaram a viver. É por esse caminho tão humano que me tornei um ministro do Evangelho de Jesus. Sei em quem coloquei minha fé! Só posso Agradecer!
Pe Edenio Reis Valle, svd
São Paulo, 29 de outrubro de 2011
Mas uma vez tive a oportunidade de me encontrar/desencontrar com pessoas altamente colocadas do Vaticano. Quase sempre era por ocasião de visitas de rotina a Roma ou em assembleias internacionais. Uma ou outra vez, nessa oportunidades, eu via também o Papa, mas sempre de longe. Duas vezes, no entanto, pude ir além da fila do beija-mão e conversar com o Papa por algum tempo. Uma destas vezes foi carregada de tensão. (...) Respirei aliviado. Na saída, o Papa (me olhou) nos olhos, coisa que, segundo o fotógrafo oficial, ele não costumava fazer.Tenho um retrato deste momento. Foi o único que guardei, porque ele me falava de um homem afável e desejoso de compreender.
[Edenio falou durante três minutos com João Paulo II, beatificado em 01.05.2011].
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